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Smart or Dumb Science: qual seu laboratório faz?

Pense na sua rotina de trabalho: nas suas metas, nos seus sonhos, nos seus colegas ou amigos que a ciência te deu. Pense no quão a sério você é levado dentro do seu ambiente: seu laboratório. Quando você pensa em que momento você está agora com a ciência, ela te acolhe e te respeita?

Como cientistas, às vezes passamos mais tempo com nossos colegas de trabalho do que com nossos familiares, e com o tempo, nossos colegas tendem a ser amigos porque entre uma conversa e outra, vidas pessoais humanas são relembradas e compartilhadas. Será que durante esse compartilhamento todos os cientistas se lembram de que são também humanos, e enquanto humanos eles são cientistas inteligentes o suficiente para enxergar o outro além da sua própria expectativa? Quem o outro é, uma mãe, um irmão, uma filha, para além de um currículo, um artigo, um congresso internacional, quando é preciso se lembrar que seus cientistas são pessoas e não máquinas: há um acolhimento de uma saúde mental que se desgasta?

Vemos líderes que agem como chefes ortodoxos e a bronca vem como uma suposta “ajudante” para impulsionar o desempenho acadêmico. As intolerâncias que vem transvestidas de piadas em um ou outro happy hour com os colegas depois de um longo dia. Os olhares de aprovação e oportunidades que passam por um e outro e nunca atingem um alguém que por algum motivo “desconhecido” parece ser esquecido.

Ciência é sobre conhecer e comunicar, é sobre descobertas movidas pela nossa curiosidade, acumular riquezas no formato de conhecimento, tornando o cientista uma posição de privilégio, tido como inteligente, cuja ferramenta de trabalho é o seu cérebro.

Mas a ciência que seu laboratório faz é de fato inteligente?

Porque ainda há ciência inteligente: praticada pelos que se lembram que estão lado a lado com humanos, de carne e osso, que também tem seus próprios sonhos, dificuldades, enfrentam preconceitos e desigualdades, então eles não perdem a oportunidade de praticar atos inteligentes deixando de lado escolhas preconceituosas e inconvenientes.

Que tipo de ciência você acha que seu laboratório faz? Que tipo de ciência você quer fazer? Caminhe lado a lado com a igualdade, acolha anseios e dúvidas e se mostre aberto a críticas, não se feche em uma cúpula da verdade, jamais podendo ser indagado até mesmo sobre quaisquer atrocidades acadêmicas.

Cientista, seja consciente, pense e repense a equipe que lidera e seja inteligente, desenvolva pesquisas científicas de modo justo com os humanos que estão sob a sua liderança, retire o ideal branco, perfeito e puro da herança que você deixará naqueles que você orienta, utilize de seus privilégios para fazer a diferença por uma ciência que só pode ser inteligente se for para todos.

Por Palloma Almeida @_almeidapp

28/06/2021
Postado por Débora Moretti
Categoria: Entrevistas
Pesquisadora na Universidade de Bonn, Alemanha e co-founder/CMO na iBench.

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